Nublado
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Morangos e corações
Quando a Susana fez uma nova encomenda, trazia um pedido especial. Num pequeno saco trazia dois tecidos que, por motivos pessoais, queria utilizar nas novas carteiras.
Com o Natal a espreitar, o pedido resultou em sete carteiras e duas bolsas, uma delas para o telemóvel.
Detalhes
O cantinho da costura não é nada de especial, mas é meu. Caixas aqui e ali, tecidos empilhados mais ou menos por cores e padrões, canecas com réguas, tesouras várias, lápis e canetas. Acumulam-se os moldes, algumas revistas e livros, as linhas perdidas, os fechos da avó, os retalhos num pequeno saco improvisado. E depois há a malinha das canelas encontrada em Campo de Ourique <3
Tudo começou com lápis de cor...
Sempre gostei de costura. Em criança fazia as roupas das minhas bonecas à mão, com retalhos que apanhava aqui e ali. Uma meia velha podia ser um novo vestido ou uma saia. Uma fronha e a Barbie ganhava lençóis novos. Um lenço e um cordão e nascia um vestido novo. A caixa de costura da minha mãe era um pequeno mundo de agulhas, linhas, botões e um dedal de metal que era grande demais para os meus dedos.
O gosto foi ficando guardado. Como as bonecas. Durante os anos seguintes apenas costurei por necessidade. Um botão caído, uma bainha por ajeitar, um remendo rápido. Até que, no Verão de 2017, fui a um pequeno workshop para aprender a costurar à máquina. No entanto, mais uma vez o gosto ficou arredado por outros afazeres e a máquina Singer, entretanto oferecida pela minha mãe, ficou guardada durante dois anos sem qualquer uso.
2019 marcou a mudança. De vida, de consumo, de organização. No meio do destralhar, quase vendi a máquina de costura. Mas o gostinho falou mais alto e uma manhã a relembrar conceitos como encher uma canela ou mudar uma agulha finalmente fez-me encontrar o fio à meada. Nos últimos seis meses criei, inventei, arrisquei, desafiei-me e enganei-me. E tem valido cada picadela no dedo.
O projecto abaixo é do final de 2018 e também ajudou ao que aconteceria uns meses depois. Idealizei, pesquisei, comprei e cortei os tecidos, mas ainda não era eu a costurar. Ainda assim, considero que foi a minha primeira criação: um estojo para lápis de cor.
Retalhos mil
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