Sempre gostei de costura. Em criança fazia as roupas das minhas bonecas à mão, com retalhos que apanhava aqui e ali. Uma meia velha podia ser um novo vestido ou uma saia. Uma fronha e a Barbie ganhava lençóis novos. Um lenço e um cordão e nascia um vestido novo. A caixa de costura da minha mãe era um pequeno mundo de agulhas, linhas, botões e um dedal de metal que era grande demais para os meus dedos.
O gosto foi ficando guardado. Como as bonecas. Durante os anos seguintes apenas costurei por necessidade. Um botão caído, uma bainha por ajeitar, um remendo rápido. Até que, no Verão de 2017, fui a um pequeno workshop para aprender a costurar à máquina. No entanto, mais uma vez o gosto ficou arredado por outros afazeres e a máquina Singer, entretanto oferecida pela minha mãe, ficou guardada durante dois anos sem qualquer uso.
2019 marcou a mudança. De vida, de consumo, de organização. No meio do destralhar, quase vendi a máquina de costura. Mas o gostinho falou mais alto e uma manhã a relembrar conceitos como encher uma canela ou mudar uma agulha finalmente fez-me encontrar o fio à meada. Nos últimos seis meses criei, inventei, arrisquei, desafiei-me e enganei-me. E tem valido cada picadela no dedo.
O projecto abaixo é do final de 2018 e também ajudou ao que aconteceria uns meses depois. Idealizei, pesquisei, comprei e cortei os tecidos, mas ainda não era eu a costurar. Ainda assim, considero que foi a minha primeira criação: um estojo para lápis de cor.
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